Fundador da Ordem dos Trinitários - Irmãos
da Ordem da SS. Trindade
São João
da Matha, o grande fundador da Ordem dos Trinitários, nasceu em 1152, em
Francon, cidade do sul da França. Os
pais, igualmente distintos pela virtude e descendência, consagraram o
recém-nascido à SS. Virgem. Menino ainda, João mostrava grande amor à oração e
aos pobres. O dinheiro que dos pais recebia para os modestos divertimentos,
repartia-o entre os pobres. Nos dias santos, seu passeio predileto era ao
hospital, onde servia aos doentes, fazia curativos e prestava outros serviços de
enfermeiro. Com distinção terminou os estudos em Paris. À ciência ligava grande
virtude e piedade, motivo por que o Arcebispo de Paris não pôs dúvida em
ordená-lo sacerdote.
Durante a
celebração da primeira Missa apareceu-lhe um anjo do céu, que trazia um hábito
branco, com uma cruz vermelha e azul no peito e estendia seus braços sobre dois
cativos algemados, um cristão e um mouro. João viu nisto um aviso de Deus e
tomou a resolução de dedicar suas energias à obra de libertação dos cristãos,
que gemiam sob o jugo da escravidão dos infiéis. O Plano de João da Matha,
obedecia a um duplo fim: libertar os cristãos da escravidão e salvar as almas,
que em contato com povos infiéis, corriam risco de perder-se. Antes de por em
execução este plano, foi ter com São Félix de Valois, pobre eremita, que morava
perto de Meaux e cuja santidade por todos era conhecida. Felix acolheu-o com
muita satisfação, mas logo percebeu que o hóspede, longe de ser principalmente
na vida religiosa, era mestre abalizado, e nesta qualidade o aceitou não como
discípulo, mas como companheiro, que Deus lhe tinha mandado. Nos três anos, que
assim viveram, na mais perfeita harmonia e em práticas de virtudes heróicas,
muitas vezes se ocupavam do plano de João da Matha, que não podia ser senão
fruto de inspiração divina. Em contínuas e ardentes orações pediram as luzes do
Espírito Santo para uma obra tão nobre, e ao mesmo tempo dificílima de ser posta
em prática. Em 1197 se dirigiram a Roma para, em audiência particular,
apresentar-se ao grande Papa Inocêncio III. Este os recebeu com muitas honras e
aprovou-lhes o instituto. Deu-lhes, como distintivo da nova Ordem, um hábito
branco, com uma cruz azul-vermelha no peito. Aludindo a estas três cores,
deu-se-lhes o nome de Trinitários ou Irmãos da Ordem da SS. Trindade. Aprovada a
obra, João foi nomeado primeiro Geral da Ordem. O Bispo de Paris, junto com o
Abade de São Vitor, foram incumbidos da elaboração da regra, que teve a
aprovação pontifícia em 1198.
João
construiu o novo convento em Cerfroid. A
afluência de jovens a esta nova instituição era considerável, e João deu-lhes um
novo superior, na pessoa de São Felix de Valois. Não conseguindo ele próprio o
consentimento do Papa para trabalhar no meio dos infiéis, em breve mandou
missionários. Dois dos mesmos libertaram cento e oitenta e seis cristãos, que
foram em triunfo levados a Paris. Este brilhante resultado despertou de tal
forma o entusiasmo de João da Matha, que renovou o pedido perante o Papa, de lhe
ser permitida a viagem à África. Desta vez mais bem sucedido, partiu
imediatamente para África onde resgatou grande número de cristãos. Em 1210 fez
segunda viagem a Tunis e grandes foram os tormentos e provações, a que os
maometanos o sujeitaram. O zelo que o animava, contraiu-lhe um ódio mortal do
infiéis, que de tal modo o maltrataram, que o deixaram meio morto, banhado em
sangue nas ruas de Tunis. Neste martírio João se julgava feliz de poder sofrer
pela causa de Deus. Logo que recuperou as forças, reuniu todos os cristãos
resgatados, e embarcou-os num navio que os devia levar a Roma. Os bárbaros,
porém, foram-lhes ao encalço, apoderaram-se do navio, quebraram-lhe o leme,
rasgaram as velas, tudo isto para impossibilitar o desembarque dos cristãos.
João, porém não se deixou intimidar. Cheio de confiança em Deus, substituiu as
velas pelo seu manto, tomou o Crucifixo e pediu a Deus que dirigisse o navio.
Maravilhoso feito produziu este recurso, inspirado pela fé.
Em poucos
dias o navio, contra toda a expectativa, chegou a Ostia. Nos últimos anos de
vida, João percorreu a Itália, França e Espanha, despertando por toda a parte um
vivo interesse pela triste sorte dos cristãos na África. Deus moveu os corações
dos ricos, que concorreram com avultadas somas para a realização de uma obra tão
generosa e cristã, como era a libertação dos cristãos das mãos dos maometanos. A
Ordem desenvolveu-se rapidamente, e tornou-se necessária a fundação de novos
conventos.
João,
outra vez chamado pelo Papa a Roma, lá fora incansável no serviço da caridade:
Deus abençoou-lhe o apostolado de tal modo, que milhares de pecadores, entre
estes os mais contumazes, se converteram a uma vida exemplar.
João da
Matha morreu em 1213, na idade de 61 anos, tendo a consolação de ver a Ordem
espalhada e conhecida em todo o mundo. O corpo foi depositado na Igreja do seu
convento em Roma, e mais tarde trasladado para Espanha. Canonizado por Inocêncio
XI, a festa de São João da Matha foi marcada para o dia 8 de fevereiro.
Reflexões:
O
cuidado principal de São João da Matha era libertar os fiéis do poder dos
muçulmanos, para assim salvar as almas de muita gente – Tua preocupação
constante deve ser preservar tua alma da escravidão do demônio. Pelo pecado é
que o homem se torna escravo do inimigo. Para se desvencilhar dos laços
diabólicos, do pecado e do vício, há um só recurso: confessá-lo ao sacerdote e
pedir perdão. Obtido este, com máximo cuidado deve-se evitar a recaída. Não
disse Nosso Senhor ao paralítico, que obtivera a cura do mal: “Eis que ficaste
bom; não tornes a pecar, para que não te suceda coisa pior !” (Jô. 5, 14). “O homem que cair de novo no pecado do
qual alcançou perdão, provocará, diz Teodoreto, a ira de Deus e receberá maior
castigo”.
São
João da Matha, sendo estudante ainda, repartia entre os pobres o dinheiro que se
lhe dava para as suas despesas. Quem é mais pobre que os missionários, que
trabalham no campo das missões, passando por mil necessidades e misérias ! A esmola dada aos missionários, por ser
destinada a obra mais querida de Deus, que é a Propaganda da Fé, deve trazer e
traz muita benção, já na vida, e garantia de uma boa morte. Se quiseres
manifestar tua amizade a Deus e pôr a seguro tua salvação, dá esmola para as
missões, auxiliando a grandiosa obra da Propaganda da Fé.
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