Sucessor de Santo Eusébio, São Melquíades era natural da África, assumindo o trono pontifício em Roma em 311. Sofreu dura perseguição durante o governo de Maximiano, sendo estes talvez os anos do declínio das perseguições implacáveis contra a Igreja de Cristo. Tudo levava a crer que São Melquíades seria mais um Papa a entrar no rol dos mártires, o que não se confirmou. Pelo contrário, teve a oportunidade de presenciar a paz que o imperador Constantino, recém convertido, trouxe à igreja e ao mundo em 312. Morreu quando a Igreja , portanto, já vivia tempos mais tranqüilos.
Reflexões
São Melquíades, nas mãos de Deus,
representou ser um instrumento fortíssimo. Uma verdadeira coluna apoiada sobre
duas bases: a da coragem em enfrentar a dura perseguição perpetrada contra
seus predecessores e contra si próprio; e a sua atuação brilhante na
pregação da paz, irradiada com tal força que sufocou com vigor as trevas
que tentavam inutilmente minar seu apostolado. Era considerado por Santo
Agostinho como "o verdadeiro filho da paz de Jesus Cristo".
O biógrafo
desta Santa é Santo Odilon, que a conheceu pessoalmente. Da sua obra é tirado
o que se segue:
Menina ainda,
Santa Adelaide, filha de Rodolfo II de Borgonha, experimentou a amargura do
caminho do sofrimento. Órfã com 6, enviuvou-se com 19 anos, tendo sido esposa
de Lotário, Rei da Itália, depois, como geralmente se crê, foi envenenado pelo
duque Berengário. Obedeceu este ato ao plano de apoderar-se do trono da Itália
e obrigar a jovem viúva a contrair matrimônio com o filho do duque, ao que
Adelaide firmemente se opôs. Esta resistência custou-lhe a liberdade;
pois determinou Berengário apoderar-se da vítima indefesa e encarcerá-la num
castelo perto do lago de Garda, onde sofreu não só as maiores e mais duras
privações, como também os maus tratos da parte de Wila, mulher de
Berengário, criatura de péssimos sentimentos.
Embora Adelaide
se sujeitasse por algum tempo a condições tão indignas, aproveitou a
primeira ocasião que lhe oferecia, devido à valiosa cooperação do capelão
Martinho, para, em companhia da fiel empregada, fugir da prisão. Era
indicada a maior cautela, e ainda assim passaram as fugitivas horas de
angústias, receando cair novamente nas garras do algoz. Deus, porém, as
protegeu. Um pescador apiedou-se delas e preparou-lhes uma refeição
frugalíssima, mas saborosa, pois tinham passado um dia sem tomar alimento de
espécie alguma. Enquanto estavam tratando de restaurar as forças, chegou o
Margrave Apo com sua gente e como Adelaide conhecesse a lealdade e os bons
sentimentos deste príncipe, aceitou-lhe a generosa proposta e foi com ele ao
castelo de Canossa.
Era Otão
imperador da Alemanha. Foi a ele que Adelaide se dirigiu, implorando
proteção contra o injusto e incorreto procedimento de Berengário, que se tinha
apoderado de seus bens e tenazmente a perseguira. Como ao mesmo tempo o Papa
lhe dirigisse igual pedido, de pôr têrmo à política nefanda de Berengário, na
Itália, Otão resolveu Transpor os Alpes, e à frente de um grande exército,
atacar o criminoso usurpador. Berengário fugiu. O imperador, servindo-se da
fidelidade indubitável do Capelão Martinho, por intermédio do mesmo, ofereceu a
Adelaide não só a liberdade, mas pediu-a em casamento. Adelaide seu seu
consentimento e assim do abismo da miséria foi, de um dia para o outro,
elevada às culminâncias do poder e da grandeza. Ontem maltratada nos
subterrâneos de uma prisão lúgubre, acossada como um animal de caça, foi
inesperadamente colocada no trono, na qualidade de esposado príncipe mais
glorioso e mais poderoso daquele tempo. Passaram-se anos na mais perfeita
felicidade e de uma vida virtuosíssima, ao lado do imperial esposo, quando este
lhe foi arrebatado da inexorável morte. Sucedeu-lhe o trono o filho Otão II.
Enquanto este se deixava guiar pelos sábios conselhos da santa mãe, tudo ia
bem, e o governo era por Deus abençoado. Isto, porém, mudou quando sua mulher
Teofânia, princesa de origem grega, começou a exercer grande influência sobre o
coração do monarca. Se bem que este a princípio resistisse, pouco a pouco deu
crédito às acusações malsãs e suspeitas indignas que Teofânia e respectivos
partidários levantaram contra a venerável mãe, como se esta esbanjasse os bens
da coroa, em doações a conventos pobres. A campanha tornou-se tão forte, a
atmosfera que se criou em volta de Adelaide, veio a ser tão pesada e
ameaçadora, que Otão se decidiu a exigir da mãe que se retirasse. foi esta a
vitória da nora ambiciosa e tirânica sobre a sogra humilde e caridosa.
Adelaide procurou primeiro um abrigo na Itália, e depois na terra do irmão,
na Borgonha. Se foram grandes os sofrimentos que lhe vieram na perseguição de
Berengário e de Wila, a ingratidão do filho mais profundamente lhe feriu o
coração maternal.
Com a saída da
mãe, a bênção do céu parecia ter se retirado da casa e do governo de Otão.
Onde reinavam a paz e a felicidade, vieram a imperar a injustiça, a
arbitrariedade, o luxo, a leviandade e discórdia. Majolo, o santo abade de
Cluny estando a par dos acontecimentos, com franqueza apostólica abriu ao
imperador os olhos sobre o procedimento incorreto que tivera para com a mãe.
As suas palavras moveram Otão ao arrependimento. Adelaide recebeu convite para
ir a Palávia, com o fim de encontrar-se com o filho imperador. Depois de uma
separação de dois anos, mãe e filho se abraçaram com grande comoção. Estava
restabelecida a paz, e Otão nunca mais se separou da santa mãe. Poucos anos
viveu depois deste fato. Não tendo o filho Otão III, a idade exigida pla
lei para assumir o governo, a mãe Teofânia assumiu a regência. Com a elevação
de Teofânia ao poder, recomeçou a via sacra para Adelaide. Para mostrar o
desprezo, que votava à sogra, Teofânia disse uma vez aos aduladores: "
Se Deus me der mais um ano de vida, garanto-vos que o poder de Adelaide não
será mais do que sobre um palmo de terra". Não tinham passado quatro semanas
e Teofânia já não mais pertencia ao número dos vivos e Adelaide sucedeu-lhe na
regência. Chegada ao poder, Adelaide nenhuma vingança praticou contra os
inimigos. Que o coração da santa imperatriz estava longe de idéias
vingativas, prova a grande caridade com que tratou as filhas de Wila, sua
maior inimiga, as quais, tendo ficado órfãs de pai, foram por Adelaide
convidadas a viverem em sua companhia e tratadas como filhas.
Como regente,
soube Adelaide muito bem coordenar as obrigações políticas e religiosas.
Partindo do princípio: que a felicidade e prosperidade de uma nação dependem
da bênção de Deus, procurou implantar na alma do povo o santo temor de Deus,
fazendo empenho para que fossem conservados fielmente os costumes e usos da
vida cristã.
Pressentindo a
aproximação da morte, Adelaide se retirou para o convento beneditino por ela
fundada em Selz, na Alsácia; lá passou o resto da vida no maior recolhimento e
lá, na idade de sessenta e oito anos, entregou o espírito ao Criador.
Reflexões:
Na biografia de Santa Adelaide, se lê o seguinte tópico: "No
seio da família mostrava soberana amabilidade, no trato com estranhas era de
uma fidalguia prudente e reservada; mãe dos pobres, era protetora das
instituições eclesiásticas e religiosas; boa e humilde para os bons, era severa
em castigar os maus e os ímpios. Humilde na prosperidade, paciente e
conformada na adversidade, sóbria e modesta no comer e vestir, constante na
prática dos exercícios de piedade, penitência e caridade, era Adelaide o
modelo de uma perfeita cristã. Colocada sobre o trono, o orgulho não lhe tomou
posse do coração e das virtudes nenhum reclame fez. A lembrança dos pecados não
a entregou ao desânimo ou ao desespero, como também os bens deste mundo; honra,
magnificência e glória, não conseguiram perturbar-lhe a paz da alma, porque
em tudo se baseava sobre o fundamento de toda santidade: a humildade. Firmeza
na fé, era imperturbável sua esperança".
Oxalá Santa Adelaide encontre entre as mães de família muitas
imitadoras das virtudes e perfeições que a distinguiam. Mães de família
desta têmpera são a segurança da religião e da pátria.
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