Raimundo
viu a luz do mundo no ano de 1175, no Castelo de Penaforte, na Catalunha. De
descendência nobre, estava em parentesco com os reis de Aragônia. De tenra idade
ainda, revelava grande interesse pela oração e pelo estudo. Tão prodigiosos
foram os seus progressos no estudo das ciências que, tendo apenas vinte anos de
idade, lhe foi oferecida a cadeira de artes livres, em Barcelona. De todas as
partes vinham estudantes em grande número, para ouvir-lhes as preleções. Uns
anos depois, se dedicou ao estudo do direito civil e eclesiástico em Bolonha,
e terminou este curso com tão grande brilhantismo, que foi nomeado lente destas
matérias.
A fama do seu
grande saber espalhou-se por toda a Itália. Berengário, bispo de Barcelona,
convidou-o para voltar à sua diocese. Possuindo toda a confiança do Prelado,
foi por este nomeado vigário geral.
Com 45 anos
de idade, entrou na Ordem de São Domingos, distinguindo-se nela tanto pela
prática das virtudes, como pela ciência. Chamado a Roma pelo Papa Gregório IX,
foi confessor do mesmo por muitos anos. Vendo que no palácio papal os pobres não
eram tratados e servidos com a atenção a que tinham direito, impôs ao ilustre
penitente interessar-se pessoalmente por esta parte do rebanho. Por ordem do
Papa, Raimundo editou uma obra importantíssima de direito eclesiástico,
conhecida sob o nome de decretais de Gregório IX.
Para
recompensá-lo de tantos trabalhos e merecimentos, Gregório IX nomeou-o
arcebispo de Taragona, distinção esta de que se julgou tão indigno, que pediu
exoneração do cargo. Uma doença gravíssima levou-o quase à beira do túmulo. Com
licença dos superiores, voltou para a sua terra. Raimundo escreveu a regra da
nova Ordem Nossa Senhora
das Mercês e Redenção dos Cativos, cujo primeiro geral foi São Pedro Nolasco.
Morto o Geral
da Ordem de São Domingos, Frei Jordão, os religiosos deram os votos a Raimundo,
para ser o novo superior. Dois anos ocupou este cargo, quando pediu
exoneração, para poder dedicar-se mais à obra de sua própria
santificação.
Avisou ao rei
do perigo que havia na parte dos Albigenses (facção da seita dos cátaros, que
pregavam o maniqueísmo) e conseguiu a expulsão dos mesmos. Para chamar a Cristo
os Judeus e mouros, fundou dois seminários em que o ensino era dado em hebraico
e árabe. Teve a satisfação de poder comunicar ao seu superior, que 10.000 mouros
tinham recebido o batismo.
Muitos e
grandes milagres obrou Deus por meio do seu servo, dos quais o mais conhecido é
o seguinte: Jaime I, rei de Aragônia, era penitente de Raimundo. Numa viagem
que ia fazer à Ilha Majorca, desejava ter seu confessor como companheiro. No
mesmo trajeto, o rei levou uma mulher, com a qual tinha relações ilícitas.
Raimundo muito lhe pediu que a despedisse, no que o rei prometeu atendê-lo, mas
a mulher ficou. Chegados a Majorca, Raimundo fez a sua permanência na côrte
depender do afastamento da concubina da casa real; no caso contrário, voltaria
para Barcelona . Jaime ordenou a todos os barqueiros e proprietários de navios
que, sob pena de morte, nenhum se atrevesse a transportar o frade para a
Espanha. Raimundo, ignorando a ordem do Rei, dirigiu-se ao porto, para
embarcar num daqueles navios que iam para o continente, mas não achou entre os
marinheiros quem o quisesse transportar. Adiantou-se então o santo homem até
um rochedo, que estava mais para dentro do mar, tomou a capa, estendeu sobre a
água, tomou o bastão, fez o sinal da cruz e pôs-se sobre a capa, como se
entrasse numa barca. Chamou um companheiro para que fosse com ele. Este, porém,
não teve o ânimo de seguí-lo e, estupefato, presenciou aquele singular embarque.
Raimundo pôs então o bastão no meio, levantou uma parte da capa a modo de vela,
uniu-a com a extremidade do bordão e começou a navegar. Em seis horas fez a
viagem até barcelona percorrendo uma distância de 160 milhas. Chegando a
Barcelona, saltou em terra, tirou a capa, que estava enxuta, e foi para o
convento. Nele entrou, apesar de estar com todas as portas fechadas. O rei,
sabendo o que tinha acontecido, caiu em si e mudou de vida. Por isso, a
iconografia cristã assim o representa: Navegando sobre as águas, usando como
embarcação sua capa, erguida com seu cajado para servir de vela.
Raimundo,
pressentindo a morte, preparou-se com muito cuidado, redobrando as orações e
penitências. Durante a última doença, recebeu a visita dos reis de Castilha e
Aragônia, que lhe imploraram a bênção. Com quase cem anos de idade, Raimundo
entregou o espírito a Deus, a 7 de janeiro de 1275.
REFLEXÕES:
São Raimundo negou-se peremptoriamente a permanecer na
companhia do rei, que não quis deixar a má vida. O Santo preocupava-se com o
escândalo que proviria de sua permanência, que implicaria numa aparente
aprovação do mau procedimento do monarca. Quais são os teus princípios neste
particular? A convivência com os maus, corrompe os bons. Maus costumes e
exemplos tem um quê de contagioso. Por isso é necessário afastar-se desse
ambiente. Os maus, vendo a complacência dos bons, firmam-se ainda mais no
pecado e perdem por completo o temor de Deus. Prudente é, pois, imitando o
exemplo de São Raimundo, fugir da convivência com os pecadores.
* * * * * * * * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário