
A fama do seu
grande saber espalhou-se por toda a Itália. Berengário, bispo de Barcelona,
convidou-o para voltar à sua diocese. Possuindo toda a confiança do Prelado,
foi por este nomeado vigário geral.
Com 45 anos
de idade, entrou na Ordem de São Domingos, distinguindo-se nela tanto pela
prática das virtudes, como pela ciência. Chamado a Roma pelo Papa Gregório IX,
foi confessor do mesmo por muitos anos. Vendo que no palácio papal os pobres não
eram tratados e servidos com a atenção a que tinham direito, impôs ao ilustre
penitente interessar-se pessoalmente por esta parte do rebanho. Por ordem do
Papa, Raimundo editou uma obra importantíssima de direito eclesiástico,
conhecida sob o nome de decretais de Gregório IX.
Para
recompensá-lo de tantos trabalhos e merecimentos, Gregório IX nomeou-o
arcebispo de Taragona, distinção esta de que se julgou tão indigno, que pediu
exoneração do cargo. Uma doença gravíssima levou-o quase à beira do túmulo. Com
licença dos superiores, voltou para a sua terra. Raimundo escreveu a regra da
nova Ordem Nossa Senhora
das Mercês e Redenção dos Cativos, cujo primeiro geral foi São Pedro Nolasco.
Morto o Geral
da Ordem de São Domingos, Frei Jordão, os religiosos deram os votos a Raimundo,
para ser o novo superior. Dois anos ocupou este cargo, quando pediu
exoneração, para poder dedicar-se mais à obra de sua própria
santificação.
Avisou ao rei
do perigo que havia na parte dos Albigenses (facção da seita dos cátaros, que
pregavam o maniqueísmo) e conseguiu a expulsão dos mesmos. Para chamar a Cristo
os Judeus e mouros, fundou dois seminários em que o ensino era dado em hebraico
e árabe. Teve a satisfação de poder comunicar ao seu superior, que 10.000 mouros
tinham recebido o batismo.
Muitos e
grandes milagres obrou Deus por meio do seu servo, dos quais o mais conhecido é
o seguinte: Jaime I, rei de Aragônia, era penitente de Raimundo. Numa viagem
que ia fazer à Ilha Majorca, desejava ter seu confessor como companheiro. No
mesmo trajeto, o rei levou uma mulher, com a qual tinha relações ilícitas.
Raimundo muito lhe pediu que a despedisse, no que o rei prometeu atendê-lo, mas
a mulher ficou. Chegados a Majorca, Raimundo fez a sua permanência na côrte
depender do afastamento da concubina da casa real; no caso contrário, voltaria
para Barcelona . Jaime ordenou a todos os barqueiros e proprietários de navios
que, sob pena de morte, nenhum se atrevesse a transportar o frade para a
Espanha. Raimundo, ignorando a ordem do Rei, dirigiu-se ao porto, para
embarcar num daqueles navios que iam para o continente, mas não achou entre os
marinheiros quem o quisesse transportar. Adiantou-se então o santo homem até
um rochedo, que estava mais para dentro do mar, tomou a capa, estendeu sobre a
água, tomou o bastão, fez o sinal da cruz e pôs-se sobre a capa, como se
entrasse numa barca. Chamou um companheiro para que fosse com ele. Este, porém,
não teve o ânimo de seguí-lo e, estupefato, presenciou aquele singular embarque.
Raimundo pôs então o bastão no meio, levantou uma parte da capa a modo de vela,
uniu-a com a extremidade do bordão e começou a navegar. Em seis horas fez a
viagem até barcelona percorrendo uma distância de 160 milhas. Chegando a
Barcelona, saltou em terra, tirou a capa, que estava enxuta, e foi para o
convento. Nele entrou, apesar de estar com todas as portas fechadas. O rei,
sabendo o que tinha acontecido, caiu em si e mudou de vida. Por isso, a
iconografia cristã assim o representa: Navegando sobre as águas, usando como
embarcação sua capa, erguida com seu cajado para servir de vela.
Raimundo,
pressentindo a morte, preparou-se com muito cuidado, redobrando as orações e
penitências. Durante a última doença, recebeu a visita dos reis de Castilha e
Aragônia, que lhe imploraram a bênção. Com quase cem anos de idade, Raimundo
entregou o espírito a Deus, a 7 de janeiro de 1275.
REFLEXÕES:
São Raimundo negou-se peremptoriamente a permanecer na
companhia do rei, que não quis deixar a má vida. O Santo preocupava-se com o
escândalo que proviria de sua permanência, que implicaria numa aparente
aprovação do mau procedimento do monarca. Quais são os teus princípios neste
particular? A convivência com os maus, corrompe os bons. Maus costumes e
exemplos tem um quê de contagioso. Por isso é necessário afastar-se desse
ambiente. Os maus, vendo a complacência dos bons, firmam-se ainda mais no
pecado e perdem por completo o temor de Deus. Prudente é, pois, imitando o
exemplo de São Raimundo, fugir da convivência com os pecadores.
* * * * * * * * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário