Comemoração litúrgica - 03 de janeiro. Também nesta data Santo Antero, Papa e Santa Genovena,
Virgem
O nome de
Jesus é grande pelo que significa. O nome de Jesus foi posto por Maria e José,
em obediência à ordem que lhe viera de Deus. Disse o Arcanjo a Maria: “Eis que
conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus”. (Lc. 1, 31). A São José o Anjo disse: “Não temas
receber Maria, tua mulher; porque o que nela se gerou, é obra do Espírito Santo.
E dará à luz um filho, e por nome o chamarás Jesus”. (Mt. 1, 20). – Ora, os nomes impostos a alguém por
ordem de Deus significam sempre qualquer dom
gratuito concedido pelo céu, assim como foi dado a Abraão. (Gen. 41, 51): “Serás chamado Abraão, porque te
constitui pai de muita gente”. A Pedro foi dado o nome significativo: “Tu és
Pedra, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”. Porque a Cristo tinha sido
conferido o dom da graça, pela qual todos seriam salvos, era conveniente que
fosse chamado Jesus, isto é, “Salvador”. (São Tomás de Aquino).
Este nome
adorável, que significa salvação, foi predito pelos profetas, que chamaram ao
Messias “Emanuel” (Is. 7, 14), isto é,
Deus conosco, para assim designar “a
causa da nossa salvação, que é a união da natureza divina com a humana, na
pessoa do Filho de Deus, que, como Deus, fica conosco, participando da nossa
natureza”. Chamaram-no (Is. 9, 6)
“admirável, conselheiro, Deus forte, Pai do futuro século, Príncipe da paz”,
títulos estes que designam todos o “caminho e o fim da nossa salvação, sendo
nós, pelo admirável conselho e pela virtude divina, conduzidos à herança do
futuro século, em que gozaremos da paz perfeita dos filhos de Deus, sob a
própria soberania de Deus”. Chamaram-no:
(Zac. 6, 12) “o homem, o nascituro”, para exprimir todo o mistério da
Encarnação”. (São Tomás).
O nome de
Jesus é o nome próprio do Verbo encarnado; é o nome que nos relembra o maior das
obras de Deus e o maior benefício que d´Ele
nos veio. O nome de Deus Redentor inclui o de Deus Criador, se bem que
este não contenha aquele, pois a Redenção supõe a criação e a criação não
encerra em si necessariamente a Redenção.
O nome de
Jesus relembra-nos não só o Salvador e a salvação, que por Ele nos veio, mas
também o modo admirável por que fomos salvos. Poderia salvar-nos por meio de uma
só palavra, como por uma palavra só criou o mundo; mas quis tomar sobre si nossa
enfermidade, para curar e tirar os nossos pecados; quis encarnar-se, nascer num
estábulo, viver pobre, sofrer, ser crucificado e morrer por nós. Levou a
humildade e obediência até a morte, para assim merecer o nome de Jesus.
Aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo – diz São Paulo – “fazendo-se
semelhante aos homens e sendo reconhecido pelo exterior como homem. Humilhou-se
a si mesmo, feito obediente até a morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o
exaltou, e lhe deu um nome, que está acima de todo nome. A fim de que ao nome de
Jesus todo o joelho se dobre no céu, na terra e nos infernos; e toda a língua
confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Padre”. (Fil. 2,
7-11).
O nome de
Jesus produz admiráveis efeitos naqueles que devotamente o invocam. Como os
sacramentos não só significam a graça, mas também a produzem, assim o nome de
Jesus não só significa, mas também produz a salvação de quem devotamente o
invoca.
“Todo
aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo”. (Joel, 2, 22; At. 2, 21; Rom.
10, 12). “Do céu abaixo, nenhum outro nome foi dado aos homens pelo o qual nos
cumpra fazer a nossa salvação”. (Rom. 4, 12).
O nome de
Jesus, devotamente invocado, salva-nos do perigo de sermos vítima do inimigo
infernal. Satanás tem um verdadeiro pavor deste Nome. “Os demônios têm medo
deste Nome, que os faz tremer. E nós podemos afugentá-los, invocando o Nome de
Jesus crucificado”. (São Jerônimo).
O nome de
Jesus dá vigor aos mártires e a todos os fiéis que lutam pela fé. Fá-los
triunfar generosamente de todos os obstáculos, de todas as perseguições e da
própria morte. O mundo, à semelhança do demônio, seu soberano, se agita ao ouvir
o Nome de Jesus. Queria que não mais se pronunciasse este Nome e cheio de ódio,
com o Sinédrio de Jerusalém, até hoje declara: “Ameacemo-los, para que daqui em
diante não falem neste nome a homem nenhum”. (At. 4, 17). Mas em virtude deste Santo Nome os
eleitos, para a confusão do mundo, operam verdadeiros milagres, segundo a
profecia do próprio Salvador: “Em meu nome expulsarão os demônios, falarão novas
línguas, manusearão as serpentes e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes
fará mal; porão as mãos sobre os enfermos e serão curados”. (Mc. 16, 17).
O nome de
Jesus produz sempre grande milagre de aplacar as mais furiosas tempestades na
alma daqueles que o invocam devotamente. “Há entre vós alguém que se ache triste
? Entre-lhe Jesus no coração e digam-no os lábios; e eis que, ao pronunciar este
Nome, as nuvens se dissipam e volta a serenidade. Se entre vós houver quem tenha
caído em falta grave e, deixando-se levar pelo desespero, nutrir idéias de
suicídio: não voltará ao amor da vida, se invocar este nome da vida ?” (São
Bernardo)
Invoquemos,
pois, o Santíssimo Nome de Jesus nas tentações, nas perseguições, na aflição.
Invoquemo-lo sempre. “Por ele ofereçamos sempre a Deus um sacrifício de louvor,
isto é, o fruto dos lábios que lhe
confessam o nome”. (Hebr. 13, 15). “
Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, tudo seja em nome do Senhor Jesus
Cristo, rendendo raças por ele a Deus Padre”. (Col. 3, 17). Pronunciemos muitas vezes em vida este
Nome de salvação, para que o possamos pronunciar na morte, qual penhor seguro da
felicidade eterna.
R E F L E X Õ E S
Santo Inácio, Mártir, cuja festa a Igreja
celebra no dia 1 de fevereiro, tinha por costume pronunciar devotamente o nome
de Jesus. Deste grande Santo da Igreja antiga conta-se o seguinte: Certa vez os
Apóstolos disputavam entre si, qual seria o maior no reino dos céus. Cristo
entrou com eles na cidade de Cafarnaum e chamou para junto de si um menino de
quatro anos, tomou-o pela mão e disse aos Apóstolos: “Se não vos converterdes e
não vos fizerdes como meninos, não entrareis no reino dos céus”. O tal menino,
de nome Inácio, muitas vezes ainda procurou aquele lugar, onde Nosso Senhor o
tinha chamado, beijava então o chão e dizia aos companheiros: “Foi aqui que
Jesus me abraçou”. Inácio cresceu, ordenou-se sacerdote e como Bispo, dirigiu a
cidade de Antioquia, onde São Pedro trabalhava durante sete anos. Quando o
imperador Trajano chegou a Antioquia e achou abandonados os templos dos deuses,
perguntou ao prefeito pelo motivo dessa estranhável circunstância. “O culpado é
o bispo dos cristãos, Inácio”, respondeu o prefeito. O santo ancião foi citado
perante o imperador, que o recebeu com esta pergunta: “És tu o mau espírito,
causador de tanta desordem nesta cidade ?”
Inácio respondeu: “Não é espírito mau aquele
que tem Deus no coração”. O imperador: “É a Jesus de Nazaré que te referes
?” O bispo respondeu afirmativamente e
disse mais umas palavras de desaprovação do culto pagão. Trajano enfureceu-se e
condenou Inácio “ad leones”, a ser atirado aos leões no circo. Inácio foi levado
para Roma, onde sofreu o martírio. Dois leões esfomeados esperavam impacientes a
presa. Antes de ser triturado pelos dentes das feras, Inácio disse em voz alta
uma oração e terminou com estas palavras: “O Nome de Jesus não desaparecerá dos
meus lábios; se isto fosse possível, continuaria inextinguível em meu coração”.
Os leões mataram-no e comeram-no, deixando apenas ossos e o coração. O coração
apresentava nitidamente os traços do nome de Jesus, formados por veias azuis. As
preciosas relíquias foram levadas para Antioquia, onde os discípulos do mártir
as depositaram sobre o altar. Isto aconteceu em 107. Deus honrou aquele Santo,
devido à grande devoção que tinha ao SS. Nome de Jesus
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