S. Francisco Xavier (Anthony Van Dyck 1599-1641)
No dia 7 de Abril de 1506, nasce no Castelo-Solar da família Aguarês y Javier o oitavo filho, a que foi dado o nome de Francisco. Seu pai, nobre conceituado do Reino de Navarra, exercera o cargo de embaixador extraordinário junto aos reis católicos, Fernando e Isabel. A sua família, rica de bens materiais, de títulos honoríficos e com elevada distinção mantinha junto da população uma excelente reputação, graças à sua generosidade e amizade.
Francisco cresceu assim, junto aos Pirineus, num ambiente de riqueza e de tradição. Desde cedo mostrou uma aguçada inteligência e uma crescente paixão pelo estudo. Aos 7 anos inicia os seus estudos colegiais em Gandia (Espanha), onde lhe é profetizado um futuro glorioso. Aos 14 anos entra no Colégio de Santa Bárbara (Paris) para completar as disciplinas de filosofia, literatura e humanidades. Foi lá que aprendeu a fundo as línguas francesa, alemã e italiana.A Universidade de Paris vê entrar o jovem Francisco aos 18 anos. Forma-se, com distinção, em Latim, Filosofia e Humanidades. Após terminar esta formação, atinge a cátedra em Artes de Engenharia. No colégio de Santa Bárbara, firmou uma forte e íntima amizade com o seu colega Inácio, que entretanto seguia uma carreira militar.
Inácio abandona o exército em conseqüência de um grave acidente e junto a Francisco iniciam um conjunto de exercícios espirituais, imaginados pelo primeiro, com vista ao estudo da doutrina cristã e benefício da Humanidade.
Depois de peregrinação pelos Lugares Santos, ingressam no Seminário de Veneza a 15 de Agosto de 1530, com o propósito de fundarem a milícia dos Filhos de Jesus. Em 24 de Junho de 1536, Francisco Xavier é ordenado sacerdote. Mas a doença começa a atormentá-lo. Por várias vezes tem que se manter acamado e a noticia da anexação de Navarra a Castela deixa-o muito abalado. Em Portugal, D. João III precisa de uma ordem de evangelizadores que, com a cruz na mão, levem a notícia desta nação de bravos e bons homens, aos recém descobertos povos de além-mar. Solicita ao Papa que lhe sejam destinados alguns Padres Jesuítas, atendendo às suas afamadas técnicas de evangelização.
Francisco Xavier acaba por ser o escolhido e com entusiasmo inicia a sua missão. No Oriente percorre Goa e depois as ilhas de Madrasta, Maçacar, Malaca, Molucas, Amboíne e Moro. As condições de vivência são difíceis, mas as feitorias portuguesas começam a solidificar após a sua passagem.
No Japão continua o seu percurso evangelizador e rapidamente entra nas relações das mais importantes famílias do Império do Sol Nascente. Fracassa no contato com o Imperador e com o Shogum, que não aceitam os seus intentos religiosos. Segue-se a Etiópia, onde conquista o Imperador e a Imperatiz, movendo-se com facilidade nos círculos de poder da nação.
Mas se no plano religioso não consegue convencer o Imperador do Japão, no plano político é um hábil negociador, abrindo portas aos acordos comerciais com quase todo o Oriente. Fruto da sua inteligência, profunda cultura e hábil dialética, o Navarro Francisco Xavier notabilizou-se pelo papel de embaixador de Portugal junto de diversas comunidades e nações. Mas a Índia era a sua paixão. Doente e cansado retorna a Goa a 6 de Maio de 1551, com 44 anos de idade. É recebido com alegria pela comunidade local, com faustos festejos pela nobreza local. Dedica os seus últimos tempos de vida ao trabalho no campo humanístico e cultural. As febres infecciosas atacam-no. Visita a Missão de Sancião a 1º de Dezembro de 1552. Está exausto e, algumas horas depois morre, na madrugada de 3 de Dezembro de 1552, numa humilde esteira de vimes abraçado ao crucifixo que o velho amigo Inácio, um dia, lhe tinha oferecido.
Mas há obras que não morrem. Nem os seus obreiros. A 25 de Outubro de 1605, o papa Paulo V beatifica o Padre Francisco Xavier que passa a São Francisco Xavier em 12 de Março de 1622, canonizado pelo papa Gregório XV. A Igreja lembra e celebra as virtudes de São Francisco Xavier em 3 de dezembro.
Fonte: Paróquia São Francisco Xavier
“É o Senhor quem faz a diferença”
Entrevista com o preposto-geral da Companhia de Jesus, Peter-Hans Kolvenbach por ocasião dos 500 anos do nascimento de São Francisco Xavier e do bem-aventurado Pedro Favre, e dos 450 anos da morte de Santo Inácio de Loyola
São Francisco Xavier batiza indígenas
Que episódio da vida de Francisco Xavier o faz particularmente caro ao senhor?PETER-HANS KOLVENBACH: Xavier desejava servir ao Senhor em pobreza e humildade, como havia aprendido de Inácio e dos Exercícios Espirituais. Ter sido nomeado legado pontifício para a Ásia não alterou seu estilo de vida.
Temos testemunhos da época sobre a pobreza de Xavier. Ele e seus companheiros viajavam a pé e se vestiam tão miseravelmente que as crianças japonesas os acolhiam a pedradas e os ridicularizavam. Ao descrever suas peregrinações apostólicas no coração do inverno, Xavier fala da dor que sentia pelo inchaço dos pés. Pensando que uma visita ao senhor de algumas províncias lhe valeria a permissão de pregar em público, pediu que lhe concedessem essa audiência, mas a entrada no palácio lhe foi negada porque não tinha presentes adequados para oferecer.
Essas experiências o levaram a modificar sua abordagem. Assim, dirigiu-se à cidade de Miyako, vestido de seda, apresentando credenciais de embaixador do governador da Índia, escritas em pergaminho decorado, e levando consigo presentes preciosos… Esse episódio encarna um princípio importante do zelo apostólico da Companhia de Jesus: o uso dos meios a serviço dos fins mais elevados.
Xavier representa a “indiferença” que Inácio ensina em seus Exercícios Espirituais. Ele era livre, desapegado das comodidades e das aparências, a fim de que o Senhor pudesse fazer a diferença nas opções que fazia e em seus planos apostólicos. Sendo espiritualmente livre, podia adotar um estilo de vida diferente para que a pregação do Evangelho na realidade japonesa fosse possível. Acho esse episódio extremamente revelador.
Há duas imagens clássicas de Francisco Xavier, uma quando parte em viagem com o breviário nas mãos, na volta das Índias, a outra quando reúne os jovens hindus tocando uma sineta para convidá-los para o catecismo e para a oração. No entanto, Santo Inácio disse que Xavier era “a argila mais rebelde que teve a oportunidade de moldar”…
KOLVENBACH: Sim. Quando Inácio o encontrou, Xavier sonhava tornar-se um intelectual, um jurista ou um homem de armas para obter uma posição de relevo em sua nativa cidade de Xavier, e elevar o status social de sua família, humilhada por batalhas políticas.
Foi preciso muito tempo e perseverança por parte de Inácio para que as palavras do Evangelho, repetidas incessantemente, começassem a ecoar no coração de Xavier: “De que vale a um homem ter ganhado o mundo inteiro se depois perder sua alma?”. Ao passo que, perdendo a vida no seguimento de Cristo, o homem se tornará rico em Cristo… Isso levou Xavier a fazer os Exercícios Espirituais e a doar a si mesmo a Cristo.
Uma vez rendido, deu-se totalmente ao Senhor e ao serviço aos outros, seguindo as pegadas do Cristo pobre, com humildade e serviço gratuito.
São Francisco Xavier morreu, como Santo Inácio, sem os confortos religiosos…
KOLVENBACH: Conta-se com freqüência um episódio da vida de São Luís Gonzaga. Ele estaria jogando bilhar com outros jovens jesuítas quando um deles lhe perguntou: “Luís, se lhe dissessem que chegou a sua hora, o que você faria?”. Dizem que Luís respondeu: “Eu continuaria a jogar”… Verdadeiro ou não, o episódio revela um ponto importante da espiritualidade inaciana.
Mais que a preparação imediata para o momento da morte, são as horas e os anos que a precedem, sustentados pela graça de Deus e vividos no cumprimento da Sua vontade, que importam para o encontro com Cristo, na perspectiva da eternidade.
Os pouquíssimos jesuítas que estavam à cabeceira de Santo Inácio, moribundo, ficaram “espantados” com a falta daqueles gestos que normalmente se esperam de um fundador no fim de sua vida: chamar os colaboradores a sua cabeceira, dar a eles os últimos conselhos, nomear um sucessor… Inácio nunca pensou em governar a “sua” companhia, mas a Companhia de Jesus.
Os jesuítas foram completamente surpreendidos pelo fato de Inácio morrer de maneira simples, “como uma pessoa comum”. A única testemunha da morte de S. Francisco Xavier nos diz que ele estava feliz no momento de sua passagem solitária, convencido de que para ele havia chegado o momento de encontrar Aquele que durante a sua vida havia sido seu Senhor e companheiro.
O cardeal Tucci escreveu que seria muito fácil ver em Xavier o espírito do conquistador daqueles tempos. No entanto, continua o cardeal, o que move Xavier é a convicção de que ninguém pode se salvar sem ter recebido o batismo. Que exemplo e ensinamento se pode extrair disso?
KOLVENBACH: Xavier era, em muitos aspectos, filho de seu tempo. A teologia aprendida em Paris e o ambiente religioso no qual havia vivido consideravam o batismo uma necessidade absoluta para a salvação.
Xavier sofria muitíssimo quando via que os japoneses choravam depois que ele lhes dizia que seus antepassados estavam condenados ao inferno por não terem sido batizados. Mais tarde, Xavier passou a pôr maior ênfase na misericórdia de Deus, que aceitaria as vidas retas daqueles que, sem culpa, ignoravam a necessidade do batismo.
Guiados pela Igreja e pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, nós hoje sabemos que a semente da verdade deve ser encontrada em todos os homens, e que Deus oferecerá a salvação àqueles que não chegaram a conhecer Cristo. Mas essa não era a doutrina do tempo de Xavier. De uma forma ou de outra, as novas interpretações do Vaticano II não diminuíram a urgência, para toda a Igreja, de ser missionária com a mesma paixão de São Francisco Xavier.
Na época de Xavier, os mestres chineses eram considerados os primeiros em todo conhecimento humano. Discutindo com os monges budistas, Xavier ouvia objeções de que, se a religião cristã fosse verdadeira, os chineses já a teriam conhecido. O que é que a Companhia de Jesus aprendeu, nestes séculos, da alma religiosa chinesa e como – também depois da recente nomeação a cardeal do bispo de Hong Kong – podem se desenvolver melhores relações entre Pequim e a Igreja Católica?
KOLVENBACH: Dos contatos com a cultura chinesa ao longo da história aprendemos em primeiro lugar a respeitar e admirar suas conquistas no campo do espírito humano.
O Ocidente olhou para o Oriente com um complexo de superioridade cultural. Xavier e outros missionários que o seguiram ajudaram o Ocidente a adotar uma atitude mais amena e a adquirir a capacidade de apreciar aspectos que não haviam nascido da herança greco-romana. Se é verdade que sob a influência do cristianismo a Europa desenvolveu uma filosofia sobre os direitos humanos e sobre a dignidade humana, que em algumas outras culturas não é uma coisa óbvia, de modo algum, é também verdade que vemos outros valores humanos mais bem preservados nas culturas orientais.
As relações entre a Igreja e a China são obviamente complexas e necessitam de esforços corajosos de ambas as partes antes de se chegar a um entendimento. Não é fácil compreender as razões por trás de certas exigências da China, e está claro também que a China não entende a natureza da Igreja.
Xavier morreu sozinho e sem ter conseguido ir à China. Conta-se que no momento de sua morte a imagem de Jesus que ficava na capela de uma torre do castelo de Xavier suou sangue de seu lado. Essa imagem é conhecida como o Cristo do sorriso. Que significou essa imagem para Xavier e para a Companhia de Jesus?
KOLVENBACH: A escultura à qual o senhor se refere atraiu a atenção de muitas pessoas por ocasião da celebração dos quinhentos anos do nascimento de Xavier. Efetivamente, é uma representação um tanto insólita de Cristo, sorridente na cruz. Os historiadores nos dizem que a escultura, do século XII, ficava no castelo, e que Xavier rezava diante dela. Não acredito que a escultura fosse muito conhecida entre os jesuítas até pouco tempo atrás. Mas certamente a serena beleza do rosto de Cristo nos lembra as suas palavras: “Tudo está consumado” para a nossa salvação. Esse é também o significado da morte de Xavier: “Na morte, parecia muito feliz”.
Fonte: Giovanni Cubeddu para a Revista 30 Dias
A Papa Pio X nomeou a São Francisco Xavier como Patrono de todos os missionários porque foi sem dúvida um dos maiores missionários que existiram, sendo chamado com justa razão o "gigante da história das missões".
São Francisco começou a ser missionário aos 35 anos e morreu com apenas 46. Em onze anos percorreu a Índia (país imenso), o Japão e vários países mais. Seu desejo de ir ao Japão era tão grande que exclamava: "se não consigo navio, irei nadando". Foi um verdadeiro herói missionário.
O santo nasceu perto de Pamplona (Espanha) no castelo de Xavier, no ano 1506. Foi enviado a estudar a Universidade de Paris, e estando ali conheceu Santo Ignácio de Loyola com quem estabeleceu uma sólida e bonita amizade. Santo Ignácio lhe repetia constantemente a famosa frase do Jesus Cristo: "Do que serve a um homem ganhar o mundo inteiro, se perder a si mesmo?" E foi justamente esta amizade e as freqüentes conversas e intensas orações o que transformou por completo a São Francisco Xavier, quem foi um dos sete primeiros religiosos com os quais Santo Ignácio fundou a Companhia de Jesus ou Comunidade de Padres Jesuítas.
Seu grande desejo era poder ser missionário e converter a grande nação chinesa. Mas nesse lugar estava proibida a entrada aos brancos da Europa. Ao fim conseguiu que o capitão de um navio o levasse a ilha deserta de São Cian, a 100 quilômetros de Hong - Kong, mas ali o deixaram abandonado, adoeceu-se e consumido pela febre, morreu em 3 de dezembro de 1552, pronunciando o nome do Jesus, a idade de 46 anos.
Anos mais tarde, seus companheiros da congregação quiseram levar seus restos a Goa, e encontraram seu corpo incorrupto, conservando-se assim até nossos dias. São Francisco Xavier foi declarado santo pelo Sumo Pontífice em 1622 junto com a Santa Teresa, Santo Ignácio, São Felipe e São Isidro.
Duma cópia em latim, feita em 1660 - É de Lucena, a cópia latina mais fideligna que se conserva. Assim a introduziu: "Em dois passos o viram sempre banhado em santas e suaves lágrimas, quando consagrava e quando consumia [comungava]. E neste, tendo já o Senhor nas mãos para O Receber, depois de ditas as orações do ritual, ajuntava uma, que ele mesmo compusera, pela conversão dos infiéis: a qual deu, depois de muita importunação, a uma pessoa devota, que com grande instância quis saber dele, em que se detinha naquele tempo. Eram estas palavras em latim, que por serem suas folgaram, porventura, de as saber e dizer os que o entendem" - J.LUCENA, Vida do Padre Francisco Xavier, L.V, c.5)
Eterno Deus, Criador de todas as coisas, lembrai-Vos que as almas dos infiéis são unicamente obra de Vossas mãos e criadas à Vossa imagem e semelhança. Vede, porém, Senhor, como, com afronta Vossa, delas se enche o inferno!
Lembrai-Vos, Senhor, que Jesus Cristo, Vosso
Filho, derramando tão generosamente o Seu sangue, por elas sofreu. Não
permitais, Senhor, que o Vosso próprio Filho e Senhor nosso, por mais tempo,
desprezado dos infiéis; mas, antes, aplacado pelas orações dos escolhidos e da
Igreja, bem-aventurada esposa do Vosso Filho, recordai-Vos da Vossa misericórdia
e, esquecendo a sua idolatria e infidelidade, fazei que também eles conheçam a
Jesus Cristo, Vosso Filho e nosso Senhor, por Vós enviado, que é nossa saúde,
vida e ressurreição, pelo qual fomos salvos e livres e a que, seja dada a glória
por todos os séculos dos séculos. Amém.
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