São
Columbano desde tenra idade mostrou clara inclinação para a vida consagrada.
Tendo abraçado a vida monástica, partiu para a França, onde fundou muitos
mosteiros que governou com austera disciplina. Ao sair da Irlanda em companhia
do monge e Santo Gall, percorreu a Europa Ocidental. Algumas vezes era
rechaçado, outras acolhido. Deixou rastro de fundação de mosteiros e abadias,
dos quais resultaram em resplendor cultural e religioso dignos de toda loa.
Esses mosteiros foram o foco da cultura cristã francesa na época.
Seu estilo
de vida foi austero e assim o exigia aos monges. Graças a isso, a Igreja enumera
como seus contemporâneos grandes santos que formaram-se na escola doutrinária de
São Columbano. O mosteiro mais célebre foi o de Luxeuil, ao que confluíram
francos e gauleses. Foi durante séculos o centro da vida monástica mais
importante em todo o Ocidente.
Enfrentou,
no ínício do século VII fortes perseguições na França e por isso, no ano de 610
teve de sair do país em decorrência das investidas da soberana, a então rainha
Brunehaut, que teve o ego ferido porque o santo abade lancara-lhe em rosto todos
os seus vícios e crimes.
Pensou em
retornar à Irlanda, mas acabou permanecendo em Nantes. Lá também teve que fugir
aos Alpes até que finalmente encontrou acolhida e refúgio seguro em Bobbio,
situada ao norte da Itália, na região da Emilia Romana, província de Piacenza.
Lá fundou seu último mosteiro e nele morreu no ano de 615. A regra monástica
original que deu a seus monges serviu de referência e influenciou sobremaneira
toda a Europa por mais de dois séculos. Muitos povos, regiões e lugares estão
sob sua proteção e o invocam como padroreiro.
Nos quatro
últimos anos de sua vida, experimentou certa tranqülidade, já que o rei
Aguilulfo lhe concedeu tratamento digno e respeitoso.
Oração:
Ó Deus, que reunistes admiravelmente em São Columbano a
solicitude pela pregação do Evangelho e o zelo pela vida monástica, concedei
que, por sua intercessão e exemplo, vos procuremos acima de tudo e nos
empenhemos no crescimento espiritual. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
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São Clemente, natural de Roma, era discípulo de São Pedro e São Paulo. Acompanhando a este nas viagens evangelizadoras, com ele dividiu as fadigas, sofrimentos e perseguições da vida apostólica. É a ele que o Apóstolo dos Gentios se refere, quando na Epístola aos Filipenses (4,3) diz: "Peço-vos que auxilieis aqueles também que, como Clemente e outros, comigo trabalharam, cujos nomes estão inscritos no Livro da Vida". Estas palavras lhe documentaram a dedicação e fé, o zelo pelas causas de Deus e das almas. Se a mansidão e caridade lhe mereceram o nome de clemente, foi sem dúvida pela atividade apostólica, que São Pedro lhe conferiu a dignidade episcopal.
Os primeiros
sucessores de São Pedro, na Sé apostólica e no martírio, foram São Lino e
Anacleto (São Cleto). Na quase certeza de perder a vida por Jesus Cristo e a
Igreja, São Clemente assumiu o governo da Barca de São Pedro em 92. Eram tempos
cheios de apreensões para a jovem Igreja. A Autoridade romana ameaçava com
uma nova perseguição e no seio da Igreja mesma reinavam dissenções, que
prometiam degenerar em cisma. Era principalmente a Igreja dede Corinto o
teatro de graves perturbações. Os ânimos estavam irritadíssimos e tudo indicava
a iminência de uma cisão, provocada - assim se acreditava geralmente - pelas
paixões que predominavam numa eleição episcopal. São Clemente dirigiu aos
Coríntios uma carta apostólica em que documenta ao mesmo tempo grande
circunspecção, prudência, caridade e firmeza. Tão boa aceitação teve esta
carta, que não só em Corinto, mas também em todas as Igrejas era lida durante
muitos anos, juntamente com as epístolas dos Apóstolos.
Dividindo a
cidade de Roma em sete distritos, determinou para cada distrito um advogado,
com a incumbência de ativar conscienciosamente tudo que se relacionava aos
cristãos, suas virtudes, os processos judiciários a que haviam de responder, o
modo como se haviam perante a autoridade perseguidora, declarações públicas
que faziam, o martírio e a morte. Estes protocolos, chamados atos dos
mártires, eram lidos nas reuniões dos fiéis. Ao zelo apostólico do Santo Papa
abriram-se as portas do próprio palácio imperial. Domitila, irmã do imperador
Domiciano, cuja ferocidade contra os cristãos era conhecida, se converteu à
Religião de Jesus Cristo. Ainda mais: exemplo foi de todas as virtudes e
para os cristãos perseguidos, um anjo de caridade, naqueles tempos aflitivos.
O imperador
Trajano, vendo na propagação da religião cristã um perigo social e religioso
para o império e reconhecendo no Papa rival temível, citou-o perante o tribunal
e com ameaças de morte exigiu-lhe a abjuração da fé e o culto dos deuses
nacionais. São Clemente não hesitou nem um momento e na presença da suprema
autoridade romana, fez uma profissão de fé belíssima, que não deixou o
imperador em dúvida sobre a improficuidade do seu tentâmem. Aconteceu o que era
de esperar: O Papa foi condenado à morte. O Breviário Romano, diz que o
santo Papa foi, com muitos cristãos, desterrado para a península da Criméia,
onde haviam de trabalhar nas pedreiras e minas. Se para Clemente era um consolo
poder partilhar a escravidão com seus filhos em Cristo, estes mais facilmente
se conformavam com a triste sorte, vendo junto de si o Pai querido, o
representante de Deus na Terra.
O que mais
atormentava os pobres cristãos, era a falta absoluta de água, no lugar onde
trabalhavam. Muito penoso era o transporte deste precioso líquido, que só se
achava na distância de seis milhas. Clemente pediu a Deus que se compadecesse
do povo, como se compadecera dos israelitas no deserto. Terminada a oração, viu
no alto duma montanha um cordeirinho que, com a pata direita levantada,
parecia indicar um determinado lugar. O santo Papa dirigiu-se imediatamente ao
lugar onde lhe aparecera o cordeirinho e com uma enxada pôs-se a cavar a
terra. Qual não lhe foi a alegria, quando logo ao primeiro golpe, viu brotar
água, água deliciosa e tão abundante que, desde aquele dia teve termo a
aflição dos cristãos. Estes milagre não só contentou a estes; também os
pagãos que, vendo em Clemente um enviado do Céu, a ele se dirigiram pedindo
fossem aceitos como catecúmenos. Assim muitos idólatras se tornaram
adoradores de Jesus Cristo e os templos pagãos, antes antros do mais abjeto
culto diabólico, transformaram-se em igrejas cristãs. Este espetáculo
grandioso perante Anjos e homens despertou naturalmente o ódio nos corações dos
sacerdotes pagãos, que se apressaram em denunciar Clemente.
A resposta
imperial não se deixou esperar. O governador Aufidiano, autorizado por Trajano
a pôr um dique à propaganda cristã, custasse o que custasse, condenou à morte
Clemente e intimou os cristãos a que abandonassem a religião de Cristo.
Algemado, foi Clemente levado a um navio, que o transportou ao alto mar. Lá
chegado, puseram-lhe uma âncora de ferro ao pescoço e precipitaram-no na
água. Isto aconteceu a 23 de novembro do seu último ano apostólico. Os
cristãos consternados pela perda do seu Pastor, pediram a Deus que não
deixasse o corpo do mártir entregue ao jogo das ondas, mas que restituísse ao
carinho e à veneração dos filhos espirituais.
Aufidiano e
sua gente mal se tinham afastado, quando o mar espontaneamente, retrocedeu a
uma distância de três milhas, até o lugar onde tinha sido mergulhado o corpo
do santo Papa-Mártir. O mais que aconteceu, foi de todo extraordinário. Aos
olhos pasmados dos cristãos apresentou-se um pequeno templo de mármore branco.
Pressurosos correram para lá e, chegando ao templo, nele encontraram o corpo de
São Clemente, colocado num ataúde, tendo ao lado a âncora pesada. Quando se
dispuseram a retirar suas santas relíquias, Deus manifestou sua vontade, que não
o fizessem; que o deixassem repousar no mesmo lugar e que o mar, anualmente,
durante sete dias, franqueasse o acesso ao túmulo. Assim aconteceu. As
relíquias de São Clemente ficaram no fundo do mar, guardadas por santos
Anjos, até o século IX, quando, sob o governo do Papa Nicolau I, os santos
missionários Cirilo e Metódio as trouxeram para Roma, onde foram depositadas
na Igreja de São Clemente, onde se acham até agora.
Reflexões:
Se queres venerar dignamente São Clemente, procura
imitar-lhe os belos exemplos e observar-lhe os sábios ensinamentos que
depositou nos seus escritos. Os trechos seguintes são tirados de sua
epístola aos Coríntios: "Abandonemos os cuidados vãos e passageiros! Sigamos
a regra gloriosa e venerável da nossa santa vocação! Atendamos ao que é belo,
agradável diante do Senhor, que nos deu a vida! Fixemos o olhar sobre o sangue
de Cristo e poderemos seu alto valor na apreciação de Deus; pois este sangue
foi derramado pela salvação do mundo inteiro. Os astros movem-se no espaço por
ordem de Deus e obedecem-lhe. Dia e noite surgem no horizonte e seguem o
curso, sem jamais se embaraçarem uns aos outros. O sol, a lua, as estrelas,
na mais perfeita harmonia percorrem seus círculos, sem ultrapassar a órbita. A
terra produz alimento para o homem, para os animais e os outros seres
viventes, tudo em perfeita obediência ao Criador. As profundidades dos abismos
e o interior do globo seguem-lhe as determinações. As ondas do mar respeitam os
limites que a vontade divina lhes traçou. O vasto oceano, ainda não atravessado
por embarcação humana, os continentes além ainda recebem as ordens do Senhor.
As estações, a primavera, o verão, o outono e o inverno seguem-se na maior
regularidade. Os ventos e as tempestades não se perturbam em suas funções.
Fontes inesgotáveis, criadas para nossa saúde e nosso uso, fornecem as
águas, para o sustento da vida humana. Os animaizinhos quase imperceptíveis
realizam reuniões na maior paz, na mais perfeita ordem. Todas estas coisas o
grande arquiteto e Senhor do Universo chamou-as à existência. A todos faz bem,
principalmente a nós, que recorremos às suas misericórdias por Nosso Senhor
Jesus Cristo, a quem sejam dados honra e louvor nos séculos dos séculos.
Vossos filhos devem participar da disciplina de Cristo;
devem aprender quanto vale perante Deus o sentimento humilde, como é apreciado
o amor casto e como é sublime e belo o temor de Deus, que santifica a todos os
que andam em reta intenção. Ele é o perscrutador dos pensamentos e planos
íntimos. Seu sopro está em nós; ele o retira, quando lhe apraz."
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