A História de Santa Apolônia, a
Padroeira dos Dentistas
O cristianismo foi a última grande religião mundial, antes do
islamismo. Originou-se da antiga Palestina, hoje Israel, e sua existência
constata-se através do calendário gregoriano.
O mérito
de torná-la uma instituição coube a Paulo, um judeu convertido de Tarso,
pregando nas ilhas do Egeu, na Ásia Menor, Grécia e Itália. Radicou-se neste
país, onde a nova fé se desenvolveu, despertando principalmente o interesse dos
pobres e humildes, pois os ensinamentos criavam uma mensagem de
esperança.
O
Império Romano abrangia nesta época todos os países banhados pelo Mar
Mediterrâneo (sul da Europa, norte da África e Ásia Menor) e as igrejas cristãs
se disseminavam.
Ocorriam
milhares de conversões, inclusive com adeptos no palácio e altos postos no
exército.
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No ano
225, esta evolução provocou enorme preocupação entre os romanos, pois os
cristãos se recusavam a cultuar os imperadores e carregar armas. Isso acabou por
gerar perseguições em muitas cidades do Império. O novo imperador Décio, que
derrotara Felipe, promoveu a sétima perseguição no fim do ano 249, com penas
severas e cruéis, que só acabaram no ano 251.
Apolônia, filha de rico e proeminente magistrado de Alexandria
(Egito), na época a segunda cidade do mundo, foi detida e, ao confirmar sua
crença na fé cristã, considera traidora e condenada a ser queimada viva na
fogueira. Insuflados pelos romanos, os perturbadores fraturaram seus dentes com
pedras e martirizaram seu rosto. Apolônia pediu que fosse amarrada e após fazer
suas preces ajoelhada, pulou na fogueira, provando preferir morrer pela própria
vontade. Diz a lenda em que seus últimos momentos gritou que "todos aqueles que
sofressem de dor de dente, ao invocar seu nome, teria alívio
imediato".
Tudo
isso é relatado nas cartas com que os padres se comunicavam. Na "História
Eclesial", Eusébio de Cesarea incluiu a carta que São Dionis, bispo de
Alexandria, enviou a Fábio, bispo de Antióquia (Turquia), contando o martírio de
Apolônia: "Os perseguidores capturaram também aquela admirável virgem, então
avançada em anos, que foi Apolônia, e bateram-lhe nas suas maxilas, a ponto de
fazer cair todos os seus dentes. A seguir, acendida uma pira diante de cidade,
ameaçaram queimá-la viva se não se decidisse a pronunciar com eles fórmulas
ímpias. Ela pediu que a deixassem um pouco livre; logo que contentada, de um
ímpeto, atirou-se sobre o fogo e foi devorada pelas chamas."
Apolônia
foi canonizada no ano 300 e é venerada sempre no dia 09 de fevereiro. Foi a
partir do século III que o cristianismo começou a substituir as divindades
pagãs, adoração de demônios e superstições por "santos", geralmente mártires e
pessoas muito crentes na fé cristãs e respeitadas e adoradas por suas virtudes.
O que realmente sensibilizou o povo foi a forma terrível como seus dentes e
rosto foram traumatizados, razão pela qual todos que sofrem de dores na boca e
face, a ela recorrem.
Dizem
que depois do suplício, os seus dentes foram recolhidos como santas relíquias e
dispersos por inúmeras igrejas e santuários, onde são adorados. Temos um dente e
um fragmento de mandíbula na Igreja do Monastério de Santa Apolônia, em
Florença; outro fragmento na Pieve de Castagneto e várias relíquias em Bolonha e
Roma. (como curiosidade, em outro credo, um dente de Buda, é venerado no "Templo
do Dente", especialmente construído em Kandy, Siri Lanka). Em Beaumont – les –
Autels, no sul da França, há um santuário dedicado à Santa Apolônia. Todo o ano,
no dia 09 de fevereiro, muitos dentistas da França fazem peregrinação a esta
pequena cidade, celebrando o evento.
Escrito
por : Elias Rosenthal (Assessor do Instituto Museu e Biblioteca de Odontologia
de São Paulo – IMOSP). APCD Jornal, nº. 483, 1997
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