Não surpreende muito que um homem, retirado num claustro e separado das ocasiões
de pecado, domine as inclinações desregradas da natureza e progrida na prática
das mais belas virtudes do Cristianismo. Mas que um príncipe, ao qual não se tem
a liberdade de repreender nem contradizer, e que vivendo em meio às honrarias e
às mais perigosas volúpias, domine suas paixões, conservando a inocência e a
pureza de coração, é realmente admirável, podendo ser chamado um prodígio na
ordem da graça Entretanto, aquilo que é impossível para as forças do homem, não o é para Deus.
E se a História do Antigo Testamento nos apresenta muitas cabeças coroadas que
souberam aliar a santidade com a autoridade soberana, e a qualidade de profeta à
de chefe, de juiz e de rei, a História do Novo Testamento nos fornece um número
bem maior em quase todos os reinos cristãos
Nesse mês, dia 25, a Igreja nos propõe um príncipe, que podemos chamar de pérola
dos soberanos, glória da coroa da França, modelo de todos os príncipes cristãos;
e para dizer tudo em duas palavras, um Monarca verdadeiramente segundo o coração
de Deus, da Igreja e do povo.
É o incomparável São Luís, quadragésimo Rei da França desde o início da monarquia, e o nono da terceira raça, da qual Hugo Capeto foi o tronco.
Seu pai foi Luís VIII, filho de Filipe Augusto, e sua mãe a princesa Branca, de quem os historiadores atribuem a glória de haver sido filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis. Com efeito, seu pai foi Afonso IX, Rei de Castela, que infligiu aos mouros sério revés na batalha de Navas de Tolosa, quando mais de duzentos mil infiéis pereceram no campo de batalha; era sobrinha dos reis Ricardo e João, da Inglaterra; esposa de Luís VIII, Rei da França; irmã de Henrique, Rei de Castela; mãe de São Luís IX e de Carlos, Rei de Nápoles e da Sicília; e tia, através de suas irmãs Urraca e Berengüela, de Sanches, Rei de Portugal, e de São Fernando III, Rei de Leão
É o incomparável São Luís, quadragésimo Rei da França desde o início da monarquia, e o nono da terceira raça, da qual Hugo Capeto foi o tronco.
Seu pai foi Luís VIII, filho de Filipe Augusto, e sua mãe a princesa Branca, de quem os historiadores atribuem a glória de haver sido filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis. Com efeito, seu pai foi Afonso IX, Rei de Castela, que infligiu aos mouros sério revés na batalha de Navas de Tolosa, quando mais de duzentos mil infiéis pereceram no campo de batalha; era sobrinha dos reis Ricardo e João, da Inglaterra; esposa de Luís VIII, Rei da França; irmã de Henrique, Rei de Castela; mãe de São Luís IX e de Carlos, Rei de Nápoles e da Sicília; e tia, através de suas irmãs Urraca e Berengüela, de Sanches, Rei de Portugal, e de São Fernando III, Rei de Leão
o Capeto foi o tronco.
Seu pai foi Luís VIII, filho de Filipe Augusto, e sua mãe a princesa Branca, de quem os historiadores atribuem a glória de haver sido filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis. Com efeito, seu pai foi Afonso IX, Rei de Castela, que infligiu aos mouros sério revés na batalha de Navas de Tolosa, quando mais de duzentos mil infiéis pereceram no campo de batalha; era sobrinha dos reis Ricardo e João, da Inglaterra; esposa de Luís VIII, Rei da França; irmã de Henrique, Rei de Castela; mãe de São Luís IX e de Carlos, Rei de Nápoles e da Sicília; e tia, através de suas irmãs Urraca e Berengüela, de Sanches, Rei de Portugal, e de São Fernando III, Rei de Leão.
Nasceu São Luís no Castelo de Poissy, a 30 quilômetros de Paris, no dia 25 de abril de 1215, quando em toda a Cristandade procissões solenes comemoravam o dia de São Marcos. Vivia ainda seu avô, Filipe Augusto, o qual acabava de ganhar a célebre batalha de Bouvines, oito anos antes de lhe suceder seu filho, o futuro Luís VIII.
A infância de São Luís foi um espelho de honestidade e sabedoria. Seu pai, que unia virtude e zelo pela religião a uma bravura marcial que lhe valeu o nome de Leão, foi particularmente zeloso na sua educação. Deu-lhe bons preceptores e um sábio governante: Mateus II de Montmorency, primeiro barão cristão; Guilherme des Barres, Conde de Rochefort; e Clemente de Metz, marechal-da-França, que lhe inspiraram os sentimentos que deve ter um rei cristianíssimo e um filho primogênito da Igreja.
Sua mãe, Branca, não poupou esforços para torná-lo um grande rei e um grande Santo, sobretudo após a morte de seu filho primogênito, Filipe. Ela lhe repetia com freqüência estas palavras, dignas de serem imitadas por toda mãe verdadeiramente católica: "Meu filho, eu gostaria muito mais ver-te na sepultura, do que maculado por um só pecado mortal".
Com a morte prematura do Rei aos 40 anos, em 1226, na cidade de Montpellier, quando voltava da guerra contra os hereges albigenses, nosso Santo subiu ao trono, sob a tutela da mãe, tendo sido sagrado na Catedral de Reims em 30 de novembro daquele mesmo ano.
Sua minoridade foi pródiga em guerras intestinas, causadas pela ambição e orgulho de senhores feudais do reino, que desejavam valer-se da pouca idade do soberano para impor as suas pretensões. Mas Deus dissipou todas as facções por uma proteção visível sobre a pessoa sagrada desse jovem Monarca.
Uma minoridade tão conturbada serviu de ocasião para fazer reluzir a prudência, o valor e a bondade daquele que se tornaria um protótipo do Rei Católico
Seu pai foi Luís VIII, filho de Filipe Augusto, e sua mãe a princesa Branca, de quem os historiadores atribuem a glória de haver sido filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis. Com efeito, seu pai foi Afonso IX, Rei de Castela, que infligiu aos mouros sério revés na batalha de Navas de Tolosa, quando mais de duzentos mil infiéis pereceram no campo de batalha; era sobrinha dos reis Ricardo e João, da Inglaterra; esposa de Luís VIII, Rei da França; irmã de Henrique, Rei de Castela; mãe de São Luís IX e de Carlos, Rei de Nápoles e da Sicília; e tia, através de suas irmãs Urraca e Berengüela, de Sanches, Rei de Portugal, e de São Fernando III, Rei de Leão.
Nasceu São Luís no Castelo de Poissy, a 30 quilômetros de Paris, no dia 25 de abril de 1215, quando em toda a Cristandade procissões solenes comemoravam o dia de São Marcos. Vivia ainda seu avô, Filipe Augusto, o qual acabava de ganhar a célebre batalha de Bouvines, oito anos antes de lhe suceder seu filho, o futuro Luís VIII.
A infância de São Luís foi um espelho de honestidade e sabedoria. Seu pai, que unia virtude e zelo pela religião a uma bravura marcial que lhe valeu o nome de Leão, foi particularmente zeloso na sua educação. Deu-lhe bons preceptores e um sábio governante: Mateus II de Montmorency, primeiro barão cristão; Guilherme des Barres, Conde de Rochefort; e Clemente de Metz, marechal-da-França, que lhe inspiraram os sentimentos que deve ter um rei cristianíssimo e um filho primogênito da Igreja.
Sua mãe, Branca, não poupou esforços para torná-lo um grande rei e um grande Santo, sobretudo após a morte de seu filho primogênito, Filipe. Ela lhe repetia com freqüência estas palavras, dignas de serem imitadas por toda mãe verdadeiramente católica: "Meu filho, eu gostaria muito mais ver-te na sepultura, do que maculado por um só pecado mortal".
Com a morte prematura do Rei aos 40 anos, em 1226, na cidade de Montpellier, quando voltava da guerra contra os hereges albigenses, nosso Santo subiu ao trono, sob a tutela da mãe, tendo sido sagrado na Catedral de Reims em 30 de novembro daquele mesmo ano.
Sua minoridade foi pródiga em guerras intestinas, causadas pela ambição e orgulho de senhores feudais do reino, que desejavam valer-se da pouca idade do soberano para impor as suas pretensões. Mas Deus dissipou todas as facções por uma proteção visível sobre a pessoa sagrada desse jovem Monarca.
Uma minoridade tão conturbada serviu de ocasião para fazer reluzir a prudência, o valor e a bondade daquele que se tornaria um protótipo do Rei Católico
Matrimônio abençoado por Deus
No dia 27 de maio de 1235, pouco depois de completar 20 anos, casou-se com Margarida, filha mais velha de Raimundo Béranger, Conde de Provence e de Forcalquier, e de Beatriz de Sabóia. Era uma princesa que a graça e a natureza haviam dotado de toda sorte de perfeições, e que lhe daria, ao longo de uma santa e harmoniosa existência, 10 filhos, cinco homens e cinco mulheres. Acompanhou ela o jovem esposo na sua primeira expedição além-mar, e após a morte deste, retirou-se no Mosteiro de Santa Clara, onde terminou seus dias em 20 de dezembro de 1285. Seu corpo, precedido e seguido por pobres, que a chamavam de mãe, foi enterrado em Saint-Denis.
Luís IX procurava acima de tudo tributar a Deus o serviço e a honra que Lhe eram devidos. Este lhe retribuía assistindo-o em todas as necessidades, aconselhando-o nos empreendimentos, protegendo-o dos inimigos e conduzindo a bom termo todas as suas iniciativas.
O segundo de seus filhos varões foi Filipe III, que lhe sucedeu no trono, e cujos filhos foram, por sua vez, Reis, até Henrique III. O caçula de São Luís foi Roberto de Bourbon, cuja descendência subiu ao trono francês durante nove gerações. Das filhas, com exceção de uma, falecida prematuramente, todas foram esposas de Reis.
Educação cristã dos filhos: modelo de pai
Ao contrário de outros Monarcas, que negligenciam a educação dos filhos, ou os deixam, sem maior preocupação, aos cuidados de governantes, São Luís chamava pessoalmente a si o cuidado de os instruir, imprimindo-lhes na alma o desprezo pelos prazeres e vaidades do mundo e o amor pelo soberano Criador. Ele os exercitava normalmente à noite, após as horas Completas, quando os fazia vir a seu quarto a fim de ouvir as suas piedosas exortações. Ensinava-lhes, além disso, a rezar diariamente o Pequeno Ofício de Nossa Senhora, obrigava-os a assistir às Missas de preceito, e incutia-lhes a necessidade da mortificação e da penitência. Às sextas-feiras, por exemplo, não permitia que portassem qualquer ornamento na cabeça, porque foi o dia da coroação de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ainda hoje existem os manuscritos das instruções por ele deixadas à sua filha Isabel, Rainha da Navarra: são tão santas e cheias do espírito de Nosso Senhor, que nenhum diretor espiritual, por mais esclarecido que seja, seria capaz de apresentar outras mais excelentes.
O governante: justiceiro e moralizador dos costumes
Se São Luís soube educar tão bem os filhos, foi entretanto ainda mais admirável em governar os negócios públicos. Nunca a França experimentou tanta paz e prosperidade como em sua época. Enquanto as outras nações, em todas as latitudes, estavam em convulsão, os franceses por ele governados gozavam de uma feliz tranqüilidade, assegurada pela sabedoria do Monarca. Ele soube banir do Estado, através de sábias leis, todos os desregramentos então existentes. O primeiro deles foi a blasfêmia e os juramentos ímpios e execráveis. Foram tão rigorosas as punições contra eles estipulados, que o Papa Clemente IV julgou dever atenuá-las.
Outros desregramentos que se esforçou em exterminar foram os duelos, os jogos de azar e a freqüentação a lugares de tolerância. Antes de São Luís, nenhum Rei havia proibido os duelos: toleravam-no, e às vezes o ordenavam, a fim de se conhecer o direito das partes; o que importava meio enganoso e contrário aos preceitos da justiça.
Modelo em tudo para os homens públicos de todos os
tempos e sobretudo de nossos dias, Luís IX o era de modo especial no tocante à
boa administração dos bens do Estado e ao exímio cumprimento da lei. Assim, por
exemplo, quando enviava juizes, oficiais e outros emissários às províncias para
ali exercerem durante algum tempo Justiça, proibia-lhes de adquirir bens e
empregar seus filhos, com receio de que isso pudesse ensejar a que viessem
cometer injustiças.Nomeava, acima deles, juizes extraordinários para examinar sua conduta e rever seus julgamentos, a exemplo de Deus, que assegura que julgará a Justiça. E se por acaso encontrava que em algo haviam agido mal, impunha-se primeiramente a si mesmo uma severa penitência, como se tivesse sido o culpado pelo excesso praticado por eles, e em seguida ministrava-lhes severa punição, obrigando-os a restituir o que haviam tomado do povo, se fosse esse o caso, ou a reparar aqueles que haviam sido condenados injustamente. Pelo contrário, quando tomava conhecimento de que haviam cumprido dignamente os seus deveres, recompensava-os regiamente e os fazia ascender a funções mais honrosas.
Além de administrar Justiça, não negligenciava o Santo Monarca o cuidado dos pobres.
Zelo pela ortodoxia e piedade
Se foi notório seu zelo em extirpar a libertinagem no reino de França, o que dizer de seu empenho em relação ao extermínio da heresia e ao estabelecimento da Fé e da disciplina cristã? Para isso tomou-se de grande afeição pelos religiosos de São Domingos e de São Francisco, a quem ele via como instrumentos sagrados dos quais a Providência queria se servir para a salvação de uma infinidade de almas resgatadas pelo precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele os convidava com certa freqüência para jantar, sobretudo São Tomás de Aquino e São Boaventura, dois luzeiros a iluminar o firmamento da Santa Igreja a partir da Idade Média.
Um dos traços em que a religiosidade desse grande Monarca mais se manifestou foi a aquisição, junto a Balduíno II, Imperador de Constantinopla, da Coroa de Espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, para a qual mandou edificar essa verdadeira maravilha da arquitetura gótica que é a Sainte-Chapelle, no coração de Paris.
Voto de cruzar-se: realiza-se a VI Cruzada
Deus, quando suscita numa alma um grande desejo, fá-la não raro passar por uma grande provação antes de atendê-la. Foi o que sucedeu com São Luís, que em 1245 caiu gravemente enfermo, a ponto de alguns terem como certa sua morte. Nessa contingência os franceses, que o amavam como a um pai, fizeram violência ao Céu, organizando vigílias, procissões e outros atos de piedade pela sua convalescença. O Monarca fez então um voto: caso sobrevivesse, partiria para libertar o Santo Sepulcro.
Cumpriu-o três anos depois, ao partir para Lyon, onde se encontrou com o Papa Inocente IV, de quem recebeu a bênção apostólica. Dirigiu-se em seguida para Aigues-Mortes, onde o aguardavam as embarcações que deveriam conduzi-lo com os cruzados ao Oriente. Era o dia 25 de agosto de 1248, data em que se iniciava a VI Cruzada da História.
As naus tocaram inicialmente a Ilha de Chipre, onde o Monarca se viu obrigado a permanecer durante o inverno, devido a uma peste que arrebatou a sexta parte de seu exército. Sua demora e essas perdas foram contudo de algum modo recompensadas pela conquista do Rei de Chipre, a quem São Luís conseguiu convencer de juntar-se à expedição.
Reencetou o Santo Cruzado a sua expedição no dia 13 de maio de 1249, à frente de uma formidável armada de 1800 embarcações, grandes e pequenas. Entretanto, devido às tempestades, mais da metade delas desviou-se da rota. De sorte que, ao passar em revista suas tropas, encontrou apenas 700 cavaleiros, dos 2800 de que se compunha seu exército.
De batalha em batalha; vitorioso numas e com reveses em outras; passando por humilhações pelos pecados de seus soldados ou por honrarias em pleno cativeiro (os emires do Egito quiseram elegê-lo Sultão!); sendo informado do nascimento de um dos filhos em Damiette, em plena época de negociação com os algozes, e do falecimento de sua bondosa mãe, a Rainha Branca, na França; enfrentando pestes e naufrágios, retomou o Rei-Cruzado, em 25 de abril de 1254, festa de São Marcos, o caminho da doce França, onde aportou no dia 19 de julho do mesmo ano. Em 5 de setembro encontrava-se no Castelo de Vincennes, e no dia seguinte entrava solenemente em Paris.
Seu regresso foi acolhido com eloqüentes manifestações de dileção do Papa Clemente IV e de Henrique III, Rei da Inglaterra.
Provações e santa morte do Rei Cruzado
Decidiu então o Santo lançar uma VII Cruzada, a última da História, para a qual se apresentaram seus filhos e Ricardo, Rei da Inglaterra, além de numerosos príncipes e senhores. Após terem sido tomadas todas as providências, partiram em direção a Túnis, no dia 4 de julho de 1270.
Mais uma vez no mar, e eis que outra grande tempestade dispersa as embarcações, fazendo com que muitas sejam impedidas de partir. São entretanto reparadas e chegam todas a Túnis. Mas o rei daquelas terras, bárbaro, traidor e infiel, que havia chamado São Luís à África dizendo que queria tornar-se cristão, sequer permitiu que sua armada descesse. O embate começou então ali mesmo, com os franceses assediando vários pontos nevrálgicos dos infiéis e a própria capital. Como esta resistisse, decidiram dominá-la cortando os víveres.
Mas a decomposição da cidade atingiu o exército francês, que foi logo empestado por todos os lados, ceifando inúmeras vidas. São Luís viu morrer seu filho Jean Tristan, nascido por ocasião do seu cativeiro no Egito, e pouco depois ele mesmo entregaria serena e santamente sua bela alma a Deus, o que se deu no dia 25 de agosto de 1270, precisamente 22 anos após sua partida para a VI Cruzada.
As relíquias de São Luís foram levadas para a França por seu filho Filipe, com exceção das entranhas, destinadas à Abadia de Montréal, na Sicília, a pedido do Rei Carlos, irmão do Santo Monarca. O resto de seu corpo repousa na Abadia de Saint-Denis. Seu culto foi juridicamente examinado e aprovado pelo Papa Bonifácio VIII, que o canonizou em 1297
TESTAMENTO ESPIRITUAL DE SÃO LUÍS, REI DE FRANÇA.
SÃO LUÍS IX, REI DE FRANÇA
Luís ( em francês, Louis) nasceu no castelo de Poissy, a 30 quilômetros de Paris, a 25 de Abril de 1214 ou 1215, dia de procissões solenes do dia de São Marcos. A sua infância terá sido influenciada pela figura do seu pai que, unindo o zelo pela religião à bravura marcial que lhe valeu o cognome de o Leão, subjugou os cátaros do sul da França.
Particularmente zelosos da sua educação, os pais de Luís IX deram-lhe bons preceptores: Mateus II de Montmorency, Guilherme des Barres, conde de Rochefort, e Clemente de Metz, marechal da França, inspiraram-lhe os sentimentos de um rei cristianíssimo e filho da Igreja.
Com a morte do seu pai em 8 de Novembro de 1226, Luís IX subiu ao trono aos 12 anos de idade. Foi sagrado na catedral de Reims por Jacques de Bazoches, bispo de Soissons, em 30 de Novembro do mesmo ano.
Por testamento de Luís VIII, a mãe do jovem monarca assumiu a regência de França com o título de «baillistre», guardião da tutela do rei. De personalidade forte, Branca de Castela encarnava a glória de ser filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis.
Durante a menoridade de Luís IX, a rainha mãe enfrentou as ambições da Inglaterra e as pressões da nobreza do reino, que desejavam valer-se da pouca idade do soberano para retomar os direitos perdidos para os monarcas do último século.
Delicado, louro e de olhos azuis, Luís atingiu a maioridade a 25 de Abril de 1234 mas continuou a manter a mãe numa posição de confiança e poder. Esta organizou o seu casamento, realizado no dia 27 de Maio de 1234, na catedral de Sens, pouco depois de o rei completar 20 anos. A esposa escolhida foi Margarida da Provença, a filha mais velha de Beatriz de Sabóia e do conde Raimundo Berengário IV da Provença e de Forcalquier, e irmã de Leonor, esposa de Henrique III da Inglaterra.
Este reinado foi um período de paz e prosperidade para a França, mas também de excepcionais zelo religioso e intolerância, com a intenção de conduzir o povo francês à salvação da alma. São Luís não negligenciava o cuidado dos pobres, proibiu o jogo e a prostituição e punia a blasfêmia. As punições estipuladas eram tão rigorosas que o papa Clemente IV julgou ser necessário atenuá-las.
Outro dos traços em que a religiosidade deste monarca se manifestou foi na aquisição da coroa de espinhos e de um fragmento da cruz da crucificação de Jesus Cristo, em 1239-1241, a Balduíno II, imperador de Constantinopla, por 135.000 libras. Para estas relíquias mandou edificar a capela gótica de Sainte-Chapelle no coração de Paris, que curiosamente só custou 60.000 libras para construir. Sob este reinado foram também construídas as catedrais de Amiens, Rouen, Beauvais, Auxerre e Saint-Germain-en-Laye.
O monarca francês era zeloso da sua missão de «lugar-tenente de Deus na Terra», da qual fora investido na sua coroação em Reims. De forma a cumprir este dever organizaria duas cruzadas e, apesar de ambas terem fracassado, contribuiram para o seu prestígio. Os seus contemporâneos não teriam compreendido se um rei tão poderoso e piedoso não fosse libertar a Terra Santa.
Em 1244 Luís IX caiu gravemente enfermo de disenteria, a ponto de alguns terem como certa sua morte. Foram organizadas vigílias, procissões e outros actos religiosos pela sua convalescença, e o próprio monarca fez então um voto: caso sobrevivesse, partiria em cruzada para libertar o Santo Sepulcro.
Quando recuperou a saúde, em 1248, apesar das oposições da Corte, cumpriu o que havia prometido. Preparou um grande exército e, por várias vezes, comandou as cruzadas para a Terra Santa. Mas em nenhuma delas teve êxito. Primeiro, foi preso pelos muçulmanos, que o mantiveram no cativeiro durante seis anos. Depois, numa outra investida, quando se aproximava de Tunis, foi acometido pela peste e ali morreu, no dia 25 de agosto de 1270.
Os cruzados voltaram para a França trazendo o corpo do rei Luís IX, que já tinha fama e odor de santidade. O seu corpo repousa na Abadia de Saint-Denis.
O culto deste santo foi juridicamente examinado e aprovado pelo papa Bonifácio VIII, que o canonizou em 1297 com o nome de São Luís da França. São Luís é considerado o modelo do monarca cristão.
Franciscano Secular, de vida e coração, soube ensinar às gerações vindouras como bem governar a serviço do povo. Para São Luís, como ensina a Doutrina Social da Igreja, a Política, depois do Evangelho, é a forma mais alta de caridade. Bom seria se nossos atuais governantes tomassem o bom exemplo de São Luís e pensassem que a verdadeira política se faz em benefício do bem comum, em benefício de todos e não de uma minoria. São do seu testamento espiritual - indelével legado ao seu filho primogênito - as seguintes sábias e santas palavras:
Filho dileto, começo por querer ensinar-te a amar ao Senhor, teu Deus, com todo coração, com todas as forças, pois sem isto não há salvação.
Filho, deves evitar tudo quanto sabes desagradar a Deus, quer dizer, todo pecado mortal, de tal forma que prefiras ser atormentado por toda sorte de martírios a cometer um pecado mortal.
Ademais, se o Senhor permitir que te advenha alguma tribulação, deves suportá-la com serenidade e ação de graças. Considera suceder tal coisa em teu proveito e que talvez a tenhas merecido. Além disso, se o Senhor te conceder a prosperidade, tens de agradecer-lhe humildemente, tomando cuidado para que nesta circunstância não te tornes pior, por vanglória ou outro modo qualquer, porque não deves ir contra Deus ou ofendê-lo valendo-te de seus dons.
Ouve com boa disposição e piedade o ofício da Igreja e enquanto estiveres no templo, cuida de não vagueares os olhos ao redor, de não falar sem necessidade; mas roga ao Senhor devotamente quer pelos lábios quer pela meditação do coração.
Guarda o coração compassivo para com os pobres, infelizes e aflitos, e quando puderes, auxilia-os e consola-os. Por todos os benefícios que te foram dados por Deus, rende-lhe graças para te tornares digno de receber maiores. Em relação aos teus súditos, sê justo até ao extremo da justiça, sem te desviares nem para a direita nem para a esquerda; e põe-te sempre de preferência da parte do pobre mais que do rico, até estares bem certo da verdade. Procura com empenho que todos os teus súditos sejam protegidos pela justiça e pela paz, principalmente as pessoas eclesiásticas e religiosas.
Sê dedicado e obediente a nossa mãe, a Igreja Romana, ao Sumo Pontífice, como pai espiritual. Esforça-te por remover de teu país todo pecado, sobretudo o de blasfêmia e heresia.
Ó filho muito amado, dou-te, enfim toda benção que um pai pode dar ao filho e toda Trindade e todos os santos te guardem do mal. Que o Senhor te conceda a graça de fazer sua vontade de forma a ser servido e honrado por ti. E assim, depois desta vida, iremos juntos vê-lo, amá-lo e louvá-lo sem fim. Amém.




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