Santo Alberto, dos patriarcas de Jerusalém um dos mais eminentes, era natural da Itália, descendente de uma nobre família do ducado de Parma. Jovem ainda e com a preocupação de salvar a inocência, fez-se religioso e entrou para o convento dos Cônegos de Santo Agostinho, em Mortara, os quais, depois de alguns anos, o elegeram prior da comunidade religiosa. Passados três anos, foi indicado para bispo de Bóbbio. A modéstia e humildade, porém, não lhe permitiram aceitar esta dignidade. Poucos anos se passaram e a vontade do Papa Lúcio III prevaleceu, nomeando-o bispo de Vercelli, e durante o espaço de vinte anos Alberto administrou aquela diocese. Rigoroso contra si próprio, era condescendente para os súditos; incansável no cumprimento dos deveres, era dedicado às obras de penitência, oração e caridade. Espírito muito conciliador, era Alberto o indicado para servir de árbitro em questões de litígio. Assim o imperador Frederico Barbaroxa se valeu dos seus bons serviços junto à Sé Apostólica em Roma. Devido a sua intervenção, cessou uma antiga inimizade entre as cidades de Parma e Piacenza.
A fama de sua
santidade tinha chegado até a
Síria. Quando vagou a Sé
patriarcal de Jerusalém, o clero
daquela cidade concentrou os votos em Alberto para sucessor do Patriarca
falecido. O Papa Inocêncio III não só aprovou a eleição, mas ainda insistiu
com o eleito para que a aceitasse, fazendo-lhe ver que as condições em que se
achava a Terra Santa, requeriam um braço forte, se não se preferisse o
desaparecimento do cristianismo, diante da pressão fortíssima dos maometanos.
Alberto, obediente à voz do Sumo Pontífice, entregou a administração da
diocese a um sucessor, apresentou-se ao Papa e de Roma
foi para a Palestina. Estando
Jerusalém sob o domínio dos sarracenos, o bispo da metrópole, fixou residência
em Acra. Antes de mais nada, procurou
conhecer bem a situação da Igreja naquele país.
Com orações e jejum pediu a luz de cima, para acertar com os meios
de socorrer a cristandade nas suas necessidades. Deus
iluminou-o e abençoou-lhe nos trabalhos, de um modo palpável. Grande número daqueles que tinham abandonado
a fé, voltaram ao seio da Igreja, e outros, transviados no caminho do pecado e
do vício, contritos se converteram. A palavra,
mas antes de tudo a santidade
do bispo, fizeram com que gozasse do maior prestígio, não só entre os cristãos, mas
ainda entre os inimigos da cruz, os
sarracenos, o que muito concorreu para a
situação da Igreja tornar-se bem mais tolerável.
Além dos trabalhos
pastorais, incumbiu-se Alberto da
redação de uma regra da Ordem do Carmo. Os Carmelitas eram eremitas, que moravam no
monte Carmelo. Tinham por padroeiro o profeta Elias, que com os seus discípulos habitara no mesmo
lugar. A regra que Alberto lhes deu, é
um documento de sabedoria e prudência.
Desde aquele tempo, começou a
Ordem a tomar grande
incremento.
Oito anos durou o
patriarcado de Alberto na
Palestina. Estimado por todos,
surgiu-lhe um inimigo, na pessoa de um malfeitor, natural de Caluso, em
Piemonte. Alberto, vendo o mau
procedimento daquele homem, tinha por diversas
vezes, por meios persuasivos,
procurado afasta-lo da senda do crime.
Mas, em vez de se emendar, a vida
tornou-se-lhe cada vez mais escandalosa,
chegando ao final o ponto de merecer a pena de excomunhão, com o que o
patriarca o ameaçou. Exasperado com a justa energia do Prelado, jurou tirar
desforra. Na festa da Exaltação da Santa
Cruz, quando o Patriarca, rodeado de muitos representantes do clero, exercia as
altas funções de oficiante do religioso, o criminoso penetrou no recinto sagrado
e apunhalou-o. Alberto morreu quase que instantaneamente, pranteado pelos fiéis
que o veneravam como Santo, isto no ano de 1214.
Reflexões
O exemplo de Santo Alberto ensina-nos como devemos
santificar os primeiros momentos do dia. Com a oração nos lábios, saudava a luz
do novo dia, convencido de que nada de bom este podia trazer-lhe, sem que Deus o
tivesse abençoado. “Ao acordares,
aconselha S. Boaventura - oferece ao
Senhor as primícias dos teus pensamentos e afetos”. Muita coisa depende desta oferta matutina. O
demônio disputa para si estes momentos
preciosos, sabendo muito bem que deles, e o modo de passá-los, depende o dia
todo. A oração da manhã é coisa que ninguém deve dispensar. Ninguém venha dizer que lhe falta tempo para
rezar. Tendo tempo para as refeições,
para as conversações e para os divertimentos, não se deve dizer que para rezar,
tempo nenhum sobra. Quanto maior for o
trabalho, quanto mais pesada a responsabilidade, tanto mais precisamos da graça divina. Fiquemos certos de uma coisa: Sem a graça de Deus, nada faremos; sem a sua bênção, o nosso trabalho nada vale.
Em tudo e para tudo, precisamos da assistência divina. “Antes do sol nascer, vos agradecerei,
Senhor; ao amanhecer dou-vos louvor”
(Sab 16,28).
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